sexta-feira, 12 de junho de 2015

TRAVESSIA PETRÔ - TERÊ - Serra dos Órgãos 2015

Foto pra posteridade rsrsrs
Já havia  feito a  clássica travessia da Serra dos Órgãos em 2013. Na ocasião sentido Terê - Petró.  Por uma questão de lugar nos abrigos, havia feito na contramão da maioria dos montanhistas que frequentam o parque e a contragosto dos funcionários do PARNASO fizemos sem guia em um grupo de 12 pessoas, apenas baseados em relatos, mapas fornecidos pelo parque.  Não tivemos problema algum e a travessia foi concluída com êxito. 
Desde o dia em que saí do parque, já comecei a afirmar que logo voltaria pra fazer no sentido clássico, Petrópolis - Teresópolis, e a oportunidade surgiu este ano , num convite da Terezinha Tessaro , via face, para repetirmos a travessia , logo me animei e nem pensei duas vezes  , principalmente porque desde  a perrengosa  travessia 7C, no Ibitiraquire, em dezembro de 2013, não havia mais saído de Floripa, exceto pra fazer o Pico Paraná em abril deste ano. E agora em Junho, no feriado de Corpus Christi, seria mais uma oportunidade de me lançar numa travessia clássica ao melhor estilo, o meu preferido: travessia por cristas de montanhas, altitude de mais de 2.000 mts,  com cumes amplos e visão exuberante de uma cadeia de montanhas da serra do mar. 
O mês que antecedeu a trilha não foi fácil pra mim devido alguns contratempos . Gosto de me informar bem, embora a travessia não fosse nova, é sempre bom atualizar informações, relembrar os trechos importantes das trilhas, logística e estratégia prontas pra somente curtir enquanto estiver na pernada. Mas, enfim, me senti preparada igualmente confiando na experiência adquirida em tantas travessias que já fiz. A maioria em condições bem adversas e sem o conforto de abrigos de montanha nos cumes. Trilhas, muitas vezes fechadas e pouco frequentadas, enfim, a travessia petró - teré é um luxo, um presente valioso pra mim, um bálsamo. . 
Mas vamos a travessia da Serra dos Órgãos : ela  pode ser feita de várias formas, e pode variar o tempo para percorrê-la, dependendo da estratégia ou modalidade escolhida. Pra quem tem pulmão e gosta de correr no mato, ela pode ser concluída tranquilamente em um dia. Já fiz travessias assim, e não recomendo se vc gosta de curtir o ar da montanha, tirar fotos, e parar pra contemplar nos cumes ou mirantes, além de, claro, curtir aquele pernoite clássico numa barraca ou bivaque ao ar livre, tomar cafezinho de fogareiro, fazer aquela jantinha caprichada a zero graus de temperatura... Por isso, as duas vezes que fui, resolvi fazer em estilo "slow". São 3 dias, com tempo de sobra para superar os 3 trechos nos quais ela é dividida de forma a que você pernoite nos abrigos de montanhas. Nada de correria e preocupação. Até porque, correr numa trilha dessas, ter pressa é um pecado para os olhos. Além de inútil, pois se chega no abrigo do mesmo jeito, ou em 4 horas, ou em 6. E ainda sobra muito tempo pra curtir a montanha. Minha única preocupação era o grupo grande. 20 pessoas. Um número grande pra mim que costumo fazer trilha ou montanha com no máximo 5 ou 6 pessoas. N'um grupo assim, é inevitável a diferença de ritmo e intenção na performance, além de diferenças na logística adotada. Alguns andariam mais leves, pois optaram por pagar beliche ou barraca nos abrigos. Outros, como eu, optaram por andar com tudo na cargueira. Meu modo de pensar é que se baixa um nevoeiro, e a dificuldade de navegar apresenta riscos, o melhor é parar, e continuar no outro dia. E é por isso que ando sempre com equipamento completo: barraca, saco de dormir, comida pra 3 dias, roupa quente e impermeável... etc.... 
Mas o grupo em sua maioria era experiente e cada um soube montar sua própria estratégia. Houve quem disparasse na frente e andasse com a pressa de quem precisa chegar numa estação de trem no horário (rsrsrs) E houve os que como eu, priorizaram  aproveitar o tempo de sobra na montanha, em paradas sem pressa, contemplação e companheirismo. Essa é minha opção  n'uma trilha desse tipo, sem maiores dificuldades. Quando a trilha é assim demarcada, e se tem tempo, prefiro  tirar  o máximo que a experiência pode me dar.  Já fiz muita travessia sem pregar o olho à noite, só na pernada, correndo contra o  tempo pra concluir em segurança. Não podendo parar com risco de uma hipotermia, chuva, lama, e bichos peçonhentos rastejando em volta ...rsrrss... enfim, sei correr quando eu preciso, mas se não tem necessidade, permito-me mais paradas e despreocupação com tempo. 
A Terezinha Tessaro foi quem organizou a excursão à Serra dos Órgãos deste ano  e contou com a ajuda do Evaldo Bez Bati pra conseguir , um micro com 2 motoristas, muito bons por sinal, pra fazerem a viagem Florianópolis - Petropolis e depois nos resgatar em Teresópolis. Como eu tinha organizado a anterior, dei uma mão com as inscrições no parque e o Pedro Filho organizou bem as estadias nos abrigos afim de garantir boas pernoites e um risoto de confraternização no Abrigo Quatro. O grupo era heterogêneo. Havia os “veteranos” que estavam fazendo pela segunda vez, os estreantes no PARNASO, embora trekkeiros experientes, e havia os  que jamais haviam feito travessia ainda, desse tipo. Mas todos  tinham algo em comum: a determinação de fazê-la... Nenhuma dúvida pairava no ar. Muito pelo contrário, o clima já na viagem era de curtir montanha. Nenhum receio, nem sombra de medo ou insegurança... Muito bom! 
Assim, por volta de 20:30 do dia 04-06, o micro partiu, Floripa-Petrópolis. Viagem boa, animação lá encima, todos preparados, algumas  cargueiras do tamanho de um trailer e outras que mais pareciam de ataque... Cada um na sua estratégia...


Chegamos em Petrópolis por volta das 15 hs após subida interminável pela serra que levava ao PARNASO. O micro parou em um certo lugar próximo a portaria e o ultimo trecho foi vencido à pé. Após a foto oficial, alguns já foram tomando dianteira na trilha do primeiro trecho. Para nós que ainda enrolamos um pouco a subida ao castelo do Açu que fica a 2.232  mts de altitude,  iniciou às 17 hs. Tarde p'ra quem vai sem guia, porém sabíamos que a trilha era bem demarcada podendo complicar somente no trecho final, caso baixasse um  nevoeiro e impedisse nossa navegação visual. É considerado o trecho mais difícil a vencer nos 3 dias, por conta da subida ´ingreme. Geralmente, se leva entre 4 ou 6 hs pra concluir. Pelo horário de partida, expliquei pra quem eu pude que não adiantava correr, pois mesmo num ritmo acelerado não chegaríamos antes das 21 hs no abrigo. Então, era aproveitar a lua cheia e poupar esforço desnecessário, ainda mais na subida puxada que iriamos ter. 
O trilha pro Açu é puxada. E embora muito bem cuidada e aberta, a subida é de tirar o fôlego pra quem não está acostumado com peso. Passamos por várias cachoeiras no início. E com o ganho de altitude dá pra perceber a vegetação que vai mudando até chegar àquela típica de alta montanha. O primeiro trecho da subida até a pedra do queijo me exigiu mais esforço particularmente. Em alguns trechos tive que parar para tomar fôlego,  e percebi o que  a falta de condicionamento tita de energia.... Mesmo assim, a medida que ganhávamos altitude, meu pulmão ia respondendo melhor, e um grupo já tinha se distanciado na dianteira. Outros dois ou três grupos seguiam logo atrás. Eu num ritmo constante  até que algumas paradas pra ajeitar uma coisa nos distanciaram. Junto comigo ia o Elder Di Moura - meu namorado , maranhense  determinado,  e sempre muito focado nos detalhes da trilha. Ótimo parceiro. Sempre solicito, e por boa parte do tempo, absorto nos próprios pensamentos, reflexões. De um cara amante de música boa, boas leituras. Sempre regando as experiências com alguns clássicos de  suas bandas de heavy metal ou autores e filósofos preferidos. Junto de nós iam a Maria Thereza, Djalmo, Pedro Filho, Terezinha, Mercia Brito, mais a frente o Willian, Thiago, Chico e Jaçanã(outro casal rock n roll) e também o casal Ricardo Ferraresi e Rosângela. A Joara , alegre parceira de montanha ia no pelotão da frente junto com o Jules, Eliane, Evaldo Julius e Carlise. 
 Estes últimos pouco vi na trilha, já que nos 3 dias andaram sempre na frente, demonstrando estarem com bom condicionamento e bastante preocupação em manter ritmo mais acelerado. 
E assim, já escurecendo chegamos na Pedra do Queijo, onde cruzamos por alguns que desciam pra Petrópolis e nos informaram que nossos amigos estavam logo adiante. Dali até o Ajax a subida é mais tranquila, porém sofri um pouco devido as intensas câimbras que me acometeram nessa altura, na coxa e panturrilha. Mais uma vez amaldiçoei minha preguiça de frequentar academia. Tomei um carb up e com as vigorosas massagens do meu "namorado-personal condicionador-trainner" melhorei e  por fim  consegui prosseguir  tendo pela frente o  trecho mais íngreme, a tal subida da Isabeloca, chegando no fim da Isabeloca  tiramos fotos já com as lanternas ligadas, curtimos um bom descanso e lanchamos, além de colocarmos roupas quentes , toucas, luvas e anoraques, já que a temperatura baixou drasticamente . Esse local tem esse nome em alusão a princesa Isabel que teria passado por ali no lombo de mulas.
Isabeloca na lua cheia
  
Após essa longa parada na Isabeloca chegamos ao chapadão e a noite nos brindou com o nascer de uma enorme lua cheia, e assim eu tive mais uma vez a experiência de andar em campos de altitude à  noite, num chapadão maravilhoso.
A lua nascendo na Serra dos Órgãos : Foto Djalmo


 Iluminados pela lua cheia, desligamos as lanternas e resolvemos curtir a noite na montanha andando sem pressa e avistando ao longe algumas lanternas mais adiante. Eram William, Chico e Jaçanã que também iam nos avistando dessa distancia. E assim, pouco tempo depois já avistamos o castelo do Açu, nome dado às rochas que formam um "castelo" a 2.232 mts de altitude. Chegamos no abrigo do Açu e mais uma vez, a exemplo de 2013 nos recebeu o Hamilton , o guia de montanha responsável pelo abrigo (que um dos integrantes do grupo apelidou carinhosamente de prof Girafales kkkkk ) com um sonoro SHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH.... falem baixo!!  
A maioria tinha alugado barracas e nem precisou se preocupar com nada a não ser jogar o corpo p'ra dentro delas que já estavam montadinhas no acampamento perto do abrigo.  
Como eu e o Elder fomos com nossa casa nas costas, pedimos onde poderíamos montá-la e o Hamilton juntamente com mais dois guias nos indicaram um excelente local, com chão fofinho de vegetação que serviu de colchão macio na noite que se seguiu. De lá podia-se observar tudo. A noite estrelada, o abrigo, o local de acampamento ali próximo e curtir privacidade na montanha, coisa que eu prezo muito. Ficamos com nossa barraquinha montada estrategicamente distante e pudemos conversar e curtir nossa janta sem perturbar e sermos perturbados... A janta foi talharim com atum,  queijo e suco de uva  hmmmmm , delicioso. Foi deitar e  as câimbras recomeçaram. O que me fez dar uns gemidos de dor que podem ter sido interpretados de outra forma pelos "vizinhos" nas barracas não tão distantes. A noite estava fria, gelada, perfeita. E na madrugada percebi nas vezes que sai da barraca que o chão estava congelado em algumas partes. Numa dessas vezes que saí da barraca respirei feliz o ar gelado da montanha e escaneei minuciosamente tudo a minha volta como que pra registrar na memória mais uma vez esse momento sublime de estar onde eu mais gosto. A visibilidade era total mesmo à noite, de tudo a nossa volta , o abrigo, acampamento, à direita o castelo do Açu, e a esquerda a silhueta da serra. Conexão interna total com o que me cercava, todos os sentidos altamente estimulados pelo ambiente... a noite foi mesmo incrível nesse local, acordamos as 5:45 ainda escuro e resolvemos dormir mais um bocadinho antes do amanhecer, foi o suficiente pra perdermos o nascer do sol e às 06:15 tudo já estava claro mas ainda com cores douradas e avermelhadas. Levantamos, colocamos gorro, luva, e nos dirigimos ao castelo do açu onde a maioria já se encontrava no alto de uma pedra que tem uma espécie de corrimão de corda, preferi a pedra mais baixa de onde eu sabia que a visão era bem mais bonita do dedo de Deus com a serra toda formando os teclados de um órgão e os 3 picos ao fundo... Dali tiramos fotos que até agora não vi semelhantes.


Açu



 Talvez nosso atraso tenha sido crucial para clicarmos essas fotos sensacionais com a incidência de raios solares magníficos como que nos energizando naquele local... 
Durante a manhã o pessoal se espalhou por vários pontos pra tirar fotos, enquanto outros abasteciam de água, lavavam louça e juntavam tudo em sua cargueira. Novamente alguns saíram na frente mais apressados e seguiram a travessia no seu trecho mais desafiador porém igualmente belo , que é caminhar numa altitude média de 2.000 mts sobre chapadões de pedra, cumes e cristas  ao céu aberto rumo ao Abrigo Quatro. Os demais foram sem pressa, se ajeitando e saindo rumo ao segundo dia da travessia. Todos com energias recarregadas nesse amanhecer ensolarado no Açu.
na frente do abrigo do Açu


 Logo que se sai do Açu, o rumo é o Morro do Marco. Se vai descendo uma laje enorme de pedra até chegar num  ponto onde se começa a subir novamente e cada vez mais íngreme, subidinha puxada, obriga a parar e pegar fôlego....Seguiam próximos a nós   a Terezinha, Eliane, e um pouco a frente Mercia, Tiago, Maria Tereza e Djalmo, este último sempre preocupado com sua parceira e dando as dicas do que ela deve fazer pra melhorar sua performance na trilha kkkkk também vai o Pedro registrando incansável toda a travessia, e  digna de nota a animação 100% da Claudia alto astral que ficou sem a outra metade do casal astral, o  Celso que ficou em Floripa pois não conseguiu vaga pra travessia.
Descida da laje , após saída do Açu. Foto: William


e assim iam todos meio parecidos , o Pedro fotografando a todos e parecendo  não sentir a casa que levava nas costas, parte do peso um grande volume de comida pra confraternização que seria feita  logo mais a noite no Abrigo Quatro.... Jaçanã e Chico também vão em ritmo constante, assim como o William , Joara . Mais a frente iam o casal Ricardo e Rosangela e lá bem na frente o Evaldo,  Jules,  Julius e Carlise que iam a ritmo de trilha bate e volta... 

Após o Morro do Marco, se desce novamente desta vez em direção ao segundo ponto mais alto da travessia,o Morro da Luva que fica a 2.263 mts de altitude. A subida é forte novamente, com partes de laje de pedra onde se pode retomar o fôlego e fazer hidratação, e a vista no cume dessa Montanha já é a do Garrafão, lindo demais, o dia estava incrível, a visibilidade era surreal, a impressão era de andar no cenário de um filme desses  grande épicos em  tomadas aéreas magníficas, uma trilha sonora não me abandonava cabeça nesse dia o som da banda  Dream Theater  “Another Day”  : “Live another day, climb a little higher, find another reason to stay ashes in your hands mercy in your eyes, if you're searching for a silent sky” 

Maria Thereza e eu


Do Morro da Luva se caminha por lajeados. O que pra mim é uma das melhores partes. Muito se fala no risco de se perder, mas é improvável  num dia de muita visibilidade como esse, porém com nevoeiro tudo muda de figura perdem-se as referências, então recomendável é fazer a travessia,( principalmente o segundo dia), com tempo bom e visibilidade ok. Além de, claro, estudar a travessia saber identificar em que ponto você está nela. Essa parte do lajeado é praticamente caminhar em campo de altitude prestando atenção nas sinalizações. Os totens ajudam com certeza, mas a marcação das setas nas pedras são o mais confiável e olhando sempre na direção do seu próximo ponto de referência, no nosso caso o próximo ponto seria a cachoeira com o corrimão. Durante todo esse dia andamos com um grupo de Espirito Santo andando, ora na frente, ora atrás. Quando chegamos no corrimão eles estavam lá, porém resolvemos prosseguir e almoçar mais adiante, pois tínhamos logo adiante um dos desafios desse dia - O Elevador. 
Elevador

Trata-se de um paredão onde foram afixados grampos como se fossem degraus para ajudar na escalaminhada. É um bom trecho assim, e alto, porém pra quem está acostumado com o Marumbi que é praticamente só isso, nada demais. O que dificulta um pouco é o peso da cargueira. Mas é saber administrar as forças. Todos subimos sem problemas, a Joara precisou do Elder, Djalmo e eu na retaguarda moral, dando as dicas, mas subiu de boa e dando risada como sempre, grande Joara!! 
Joara em alto astral no Elevador

Ultrapassado o Elevador a trilha segue mais à esquerda e segue em subidas e descidas suaves até chegar numa descida de laje que, embora fácil, pode ser perigosa num descuido onde eu recomendaria uso de corda pra segurança afim de evitar uma torção ou queda desnecessária. Mas não foi o caso. Descemos todos sem corda, só com muito cuidado. 
A Mércia desceu com tanta destreza  a laje que me deu medo de ver ela voando diretamente para o vale das antas que seria um pouco mais adiante.
Rosangela e Ricardo

 A trilha segue suave entre descidas e subidas leves até uma subir para o Morro dos Dinossauros  e em algum ponto dele, numa laje,  fizemos nosso almoço. Fogareiros a mil e rolou de tudo, de  miojo - claro - linguiça, queijo ralado, a barrinhas de cereal, frutas , bisnaguinhas e sucos. Todos já refeitos seguimos pro Vale Das Antas - um local de antigo acampamento onde tem uma pequena clareira e de onde se parte para o dorso da baleia. Uma subida nem tão puxada mas que lembra o formato do dorso de uma baleia mesmo, aproveitei e pedi pra  todos seguirem na frente enquanto eu resolvi deitar no dorso dessa baleia, a Maria Tereza achou boa idéia e o Tiago também assim como o Elder, deitamos ali e curtimos um pouco a visão 360 graus do garrafão e tudo a nossa frente...
Dorso da Baleia

.Após mais esse pit stop seguimos subindo mirando o garrafão e a Pedra do Sino já a nossa frente.  Ali tiramos fotos de revista porque como se já não bastasse toda a vista desde o Açu, ali entre o abismo formado entre o garrafão e pedra do sino.
Mercia. Terê, Diana e William

Da esquerda pra direita : William, Elder, Diana Claudia, Terezinha, Jaçana, Chico,Djalmo, Thiago e Pedro ..e abaixo Eliana, Mercia, Joara, maria Thereza

 A vista é absurda, devidamente registrados o pessoal já foi falando no cavalinho, o lance perigoso na encosta do sino que demanda prática em montaria . Antes disso, passamos pelo vale dos 7 Ecos onde obviamente brinquei  bastante de berrar qualquer coisa já  que o Eco era perfeito, e assim extravasamos o nervosismo do lance do cavalinho se aproximando, estávamos todos juntos, exceto o casal Rosangela e Ricardo que estavam bem a frente assim como o quarteto ligeirinho que pra dizer a verdade, tres  deles  eu só vi no ônibus e nos abrigos kkkkkkkkkkk ,. No cavalinho a esperança de ver concretizada a promessa do Jules que havia levado a corda e prometido esperar a todos no cavalinho pra dar aquela força moral, psicológica, física... etc etc... 
E assim, após o mergulho, uma pedra super chata (para alguns a mais difícil da travessia). Chata de descer pra quem tem perna curta, já os perna comprida não veem dificuldade alguma, pois é só pular de costas pra uma pedra logo abaixo e assim fazendo uma tesoura com as pernas se elas forem compridas se chega la embaixo.
Mergulho

 E assim começamos a subida da encosta rumo ao cume do Sino , nosso grupo e o do espirito santo atrás e mais alguns rapazes estrangeiros que nos ajudaram no mergulho. Congestionamento total no cavalinho kkkkkkkkkk tinha mais de 40 pessoas pra montar no cavalo hehehe...e lá estava o Jules, baita parceiro do grupo. Sofreu horas de espera por andar rápido, mas não abandonou os amigos e lá estava ele com corda a postos pra facilitar a montaria. 
Jules que aguardou com a corda pra dar aquela força no cavalinho


E assim, um por um fomos passando sem menor dificuldade. O cavalinho é mega fácil de passar, o problema é o lugar onde ele está: na beira do abismo ! E assim mais a frente tinha mais um lance já mais fácil ...um mini cavalinho,rsrsrsr  onde o Elder ou melhor “namorado da Diana” (apelidado pela Joara) deu aquela força pra galera passar e assim prosseguimos pela encosta do Sino até chegar numa bifurcação onde para baixo se vai pro abrigo e pra cima pro cume do Sino. 
Isso já era cerca de 18 hs, creio eu pois logo depois escureceu, não me preocupei nada com horário nessa travessia inteira, pois eu conhecia e  sabia que tinha tempo de sobra, bem ao contrario de outras que eu praticamente cronometro tudo. 
A noite no Abrigo Quatro não foi tão gelada quanto a do Açu, mas aquele frio característico de cume tomado pela névoa úmida, bateu aquele pressentimento de manhã sem visibilidade ......, e novamente montamos barraca rapidamente bem na frente do abrigo, perto do banheiro externo e água pra lavar louça, cozinhar, escovar dentes... etc... 
Ali no abrigo só entra quem alugou beliche , bivak...e  tem direito a banho quente quem paga  R$ 20,00 . Já instalados em nossa barraca  fomos convidados pelo Pedro pra comer o risoto de confraternização que já virou tradição. O primeiro desses  risotos  foi a uns 4 anos atrás na pousada cinco treze, no Paraná, regado a vinho, desde então o mesmo grupo de montanha e perrengue curte uma mistureba junto pra comemorar o ar da montanha, com brigadeiro de panela de sobremesa, mérito dos que colaboraram com ingredientes, principalmente o Pedro que carregou a maior parte pra coisa sair, a Teresinha Tessaro como sempre arrasou no feitio  do menu delicioso, imagino que muitos tenham ajudado e agradeço. Estava muito bom, imaginem  um risoto quentinho com pedaços de queijo derretendo após um dia de pernada.... 
A noite super agradável, não tive câimbras ,  apenas uns pesadelos acredito eu causados pelo chão duro e digestão do pratão do risoto maravilhoso.... 
De manhã pessoal acordou muito cedo  e foi pro cume do Sino, alguns pro Baleia, e como  previ estava tudo fechado, nevoeiro total, resolvemos dormir mais um pouco e ir mais tarde após um bom café. Por isso quando acordamos pro nosso café , a maioria dos que haviam ido no sino já se preparavam pra descer pra Teresópolis. 
Eu e o Elder na frente do Abrigo Quatro



Ficamos eu , o Elder , a Terezinha, Mércia, Joara, Eliane e Claudia pra subir pro Sino, fomos pra lá , fica bem próximo e a subida agradável como pode ser um ataque ao cume, vento gelado maravilhoso, caratuvas e a sensação da altitude sensacional. Chegando lá o vento era intenso, gelado, mas não insuportável e tudo fechado, visibilidade zero, mesmo assim tiramos fotos no marco ou pedra do cume e após um bom tempo descemos pra desmontar barraca. O resto do povo já tinha descido a tempos!! 
Descemos lá pelas 10:30, após nos despedirmos dos guias super atenciosos do Abrigo Quatro como sempre. 


A descida não há muito a relatar, é trilha boa,  em ziguezague interminável por longos 11 km, mata exuberante, fauna igualmente onde se destacava o canto de um passarinho atraindo possíveis parceiras rsrsrs passarinho exibido! Lá pelo meio da descida a fome bateu e fiz um  arroz com linguiça e suco tang, nisso a Terezinha e Claudia já tinham se distanciado devido a duas paradas demoradas nossas , uma pra procurar uma carteira perdida do Elder e outra pra almoço (o arroz com linguiça) as outras meninas ainda continuavam próximas a nós e resolvemos dar um ligeirão final , mas joelhos e solados de pé já reclamavam bastante, descemos esse ultimo trecho já com pressa de chegar e nos juntar aos outros que desceram horas antes. E assim por volta de 14:40 eu e o Elder chegamos na barragem, aguardamos as meninas que vinham logo atrás e descemos pela estradinha de 3 km até a portaria, essa pra mim foi a pior parte da travessia kkkkkk estradinha chata ....chegando lá o pessoal que havia descido antes já estava azul de fome , e ainda ficamos sabendo de um fato inusitado ao final da travessia que foi uma equipe de reportagem da Globo que abordou o Djalmo justo quando ele finalizava a travessia fazendo uma entrevista ao vivo sobre montanhismo no PARNASO.
Djalmo na entrevista inusitada para a Globo 

 Ele se saiu muito bem e foi mais um registro memorável dessa nossa aventura . Ainda fomos assinar um livro de conclusão de travessia, pegar folhetos e assistir um vídeo muito legal sobre a Serra dos órgãos, mais algumas fotos e estava terminada a aventura no PARNASO versão 2015.  
Como da outra vez já saí com vontade de voltar, pra fazer as outras travessias do PARNASO.

Açu

Açu

Geada ao amanhecer no abrigo do Açu Foto : Willian

Visão próximo ao Sino, segundo dia . Foto : Pedro Filho

Mapa da Travessia 

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