quarta-feira, 5 de outubro de 2016

EXPEDIÇÃO AO MONTE RORAIMA : Nossa viagem ao Mundo Perdido das terras de Makunaima.


O Monte Roraima, sempre me fascinou  , desde que iniciei no  montanhismo, foi uma foto dele que me inspirou a começar essas incursões, porém o custo elevado e dias disponíveis necessários para compor uma boa logística sempre afastavam de mim  a esperança de fazê-lo a curto prazo.

Foi então que comecei a teimar  com a ideia de que era possível entrar nessa empreitada  com mínimo de recurso e  resolvi montar minha própria logística, procurando  eu mesmo  guias independentes não ligados a agências, pesquisar passagens, pousadas,  câmbio, transportes e tudo que envolvia a expedição desde a   ida até Boa Vista , atravessar a fronteira com a Venezuela e então subir e explorar o Tepuy Monte Roraima.

Nas primeiras pesquisas que fiz já surgiu a primeira condição : montar um grupo! Se você quer subir o Roraima a um preço econômico  , esqueça a ideia de fazê-lo sozinho ou em dupla que seja. A expedição requer guia experiente  , porteadores  (uma espécie de sherpa que carrega barracas, utensílios de cozinha ,  barracas e até um banheiro móvel), pois o cume do Roraima tem uma extensão de 90 Km de um território estranho e clima imprevisível.

Lancei a ideia a alguns amigos que já haviam feito viagens e montanhismo independente comigo e a ideia logo atraiu vários aventureiros,  mas loógico efetivamente foi abraçada por apenas alguns. Chegamos ao número de 8 pessoas , o que  dava um grupo aceitável para os guias da Venezuela montarem a expedição a preço justo.

O valor cobrado pelas agências brasileiras é  superior ao das agências venezuelanas, como o país está em crise o real vale muito lá e como todo povo sofrido e carente muitas vezes aceitam fechar grupos encima da hora cobrando  as vezes menos da metade do valor normal. Mas não era essa minha ideia, se por um lado as agências brasileiras ofereciam pacote completo por valor alto  também não queria aceitar subir sem um mínimo de segurança e condição , comecei a comparar os relatos e vi que  pacotes baratos nem sempre são aconselháveis, guias não tão comprometidos ,   a comida insuficiente e estragada , entre outras coisas...

Foi então que esbarrei no nome de um guia independente da Gran Sabana , ( como é denominada a região que abrange : o Parque Nacional de Canaima , a Savana e  também a cidade de Santa Elena de Uiaren ) um guia experiente que havia sido mencionado em alguns relatos como excelente pessoa e de vasto conhecimento , o Gregory Lanz. Em um site colhi e-mail e telefone  e logo entrei em contato , em um par de dias fui respondida solicitamente por ele, que negociou um bom preço para a expedição com boas condições , sendo  exclusiva para nosso grupo.
Nessa altura ainda era Fevereiro de 2016, minhas férias seriam em julho assim como de meu namorado  o Elder Di Moura, logo montei o grupo no Whats App com os interessados e começamos a discutir uma data. Julho não parecia boa ideia pois chove demais no Roraima, pesquisei as passagens e vi que havia uma boa janela de preço baixo em   setembro, coincidindo  com a época  em que o tempo na Gran Sabana  é mais seco e  com sorte daria pra curtir as cachoeiras e rios pelos quais passamos para subir o Roraima sem risco de atravessá-los.  Todos deram seus pulos no trabalho e conseguiram férias na data proposta : 15 à 27/09. O trekking compreendia 8 dias, mas para ir ao Roraima é recomendável  separar 2 dias antes e 2 depois do trekking. Como todos dependemos de vôos de outros estados é bom ter essa margem,. Ao chegar em  Boa Vista , estado de Roraima ,ainda  tem a viagem de 4 horas até a cidade de Santa Elena de Uiarén e o tempo de preparo da expedição junto ao guia até o dia do trekking efetivamente que parte do  Parque Nacional de Paraitepuy, De Santa Elena até o parque são mais  2 horas .

Enfim todos conseguimos os dias necessários , houveram baixas importantes como o Pedro, que ajudou em tudo , até na compra das passagens porém quase na reta final teve problemas pessoais que o impediram de ir. E assim aqueles que  desistiram foram sendo substituídos por outros aventureiros. Ao final fechamos um grupo de 8 como havia sido  combinado com o Gregory : Eu (Diana) , Elder, Djalmo, Cidha, Mercia, Hélio , Gabriel e Joara. Todos já havíamos feito montanha juntos em outras ocasiões então ficou bem divertido e um clima de intimidade bom desde o começo.

Elaborei um roteiro com horários de vôos e dicas importantes sobre documentação , vacinas, câmbio, vestuário e etc, mas duvido que alguém tenha lido pois as perguntas eram frequentes,  tudo era motivo de festa e ansiedade crescia, falávamos todos os dias  pelo whats e dividíamos as incertezas e percalços que passávamos dia a dia até chegar o dia do embarque : 15/09/2016.

Eu e Elder tivemos nosso vôo cancelado pela TAM, ou LATAM, e não havia conexão possível saindo de Florianópolis no dia 15, sendo assim nos propuseram sair de Curitiba na manhã do dia 14/09, o que nos fez ir de busão de Floripa até Curitiba e enfrentar uma provável madrugada gelada na rodoviária, porém o que nos salvou foi o UBER que resolveu nosso problema rapidamente por menos da metade do valor de um táxi , e com serviço excelente, salve o Uber! Nos deixou a salvo no aeroporto Afonso Pena com tempo suficiente pra aguardar o check in abrir e poder embarcar no horário previsto

Os demais integrantes saíram de Floripa no dia 15/09  mas não sem antes enfrentar todo tipo de adversidades: dias antes houve suspeita de uma doença viral em um dos integrantes, o Hélio, que ao fim era alarme falso. No dia do embarque todos saíram com tempo de sobra de casa para a  ida ao aeroporto porém ,  houve um acidente envolvendo vítimas fatais no túnel que dá acesso ao sul da ilha onde fica o aeroporto, houve protestos e manifestações noutro ponto do trajeto e como se não bastasse 1 km antes de chegar ao aeroporto um mangue transbordou pela maré invadindo a pista de acesso gerando filas quilométricas, foi de cinema o desespero, mas ao fim todos conseguiram embarcar!

Quanto a nós , ainda no dia 14/09 , após várias conexões fomos percebendo a diferença de clima já ao desembarcar em Brasília que parecia um forno, mas era nada comparado a  Boa Vista,  onde o ar quente parecia de um deserto da África,  contrastando demais com o clima  fresco , quase frio que fazia em Floripa.   Nos dirigimos ao setor de |Taxis e pedimos que nos levassem até o terminal de Taxi coletivo onde pegaríamos outro para Santa Elena de Uiarén - Venezuela. Essa corrida de 5 minutos custou R$ 40,00 um absurdo de caro se comparado aos mesmos R$ 45,00 que pagamos de Boa Vista até Santa Elena , uma viagem (internacional) de 4 horas! O táxi é tipo lotação vão até 5 passageiros + bagagens e passa pela ultima cidade brasileira que é Pacaraima e atravessa a fronteira para Venezuela. O taxista disse que não era necessário passar na aduana e pegar o permisso, porém de antemão eu já sabia que isso podia gerar complicações na volta, então solicitei que parasse para fazermos os trâmites. Em cinco minutos vc apresenta a identidade e recebe um papelzinho que é o seu permisso onde você informa quantos dias vai ficar no país.

Da fronteira até Santa Elena é bem rápido , uns 15 minutos e você já vai percebendo as diferenças: um país  rico em paisagens ,  porém devastado pela crise onde tudo falta , e a toda hora a guarda bolivariana passa em seus Jipes lotados de soldados armados até os dentes, mas ninguém nos parou ou incomodou e assim seguimos até a pousada Lauberge. Pousada que o próprio guia nos indicou e foi a melhor coisa ter seguido a indicação. Em Santa Elena falta água frequentemente porém a pousada tem água a vontade já que  possui poço artesiano, além do mais os quartos são limpos, tem ar condicionado ( a maioria das pousadas da cidade  só tem ventilador) e um luxo lá por aquelas bandas: possui chuveiro com água quente. Além disso a pousada possui depósito para os aventureiros deixarem a bagagem que não vão levar para o trekking até o retorno. O único defeito é não ter café da manhã, porém tem duas ótimas padarias ali perto com café com leite delicioso e sanduiches e salgados diversos, tudo muito gostoso. A pousada fica no Centro da cidade perto de tudo e isso também facilitou muito. Como o bônus pra quem ama os animais, a pousada tem 3 pastores alemães e um Golden lindo de morrer todos dóceis com os hóspedes, mas excelentes guardiães com os de fora.

Deixamos as coisas na pousada e após um banho gostoso fomos conhecer a cidade... Santa Elena vive do turismo em torno do Monte Roraima, é cheia de lojinhas que vendem equipamentos de montanhismo, pousadinhas para os mochileiros e comercio local tudo muito simples, mas não chega a ser  precário, e  não faltou nada pra nós. Procuramos um lugar para comprar cerveja já que tínhamos frigobar no quarto, porém para nossa decepção eles não vendem a cerveja  sem casco para troca , e latinha de cerveja é mais raro que diamante por lá, a opção que resta é tomar em copo de plástico na calçada, e tomamos com muito gosto uma Polar Light cada um  pelo valor de 500 bolívares ou seja , sai R$ 1,50 + ou -  , atualmente o valor do Bolívar por lá é 350 para 1 real.

O Câmbio não vale o trabalho, todos os estabelecimentos aceitam real e o fazem pelo valor do cambio negro, ou seja é inútil trocar R$ 100,00 e sair com uma mochila cheia de bolívares que só podem ser contados com ajuda de uma máquina de contar dinheiro. É muito mais fácil pagar em real mesmo que  é feito praticamente o mesmo valor do cambio negro e você não precisa andar com uma mochila de bolívares difíceis de serem contados por serem muitas notas. Um café por exemplo é R$ 1.000 bolívares ou R$ 3,50. Mais vale pagar em real e não se incomodar com contagem de notas que não valem nada praticamente.

Os cambistas estão em cada esquina, porém cuidado, muitos se aproveitam da quantidade de notas que sabem que você não vai conseguir conferir e acabam entregando menos bolívares, aconteceu conosco, porém fomos a uma padaria e pedimos pra contar na máquina e verificamos que faltavam 2.800 bolívares, voltamos lá e o cambista nem discutiu e nos deu o que faltava...

Rua Central de Santa Elena de Uiarén

Bolívares sendo contados

Estamos ricos, SQN !

Praça Simon Bolivar



Djalmo, Cidha, Helio, Mercia e Joara  chegariam no dia seguinte 15/09 , exceto o Gabriel Good Neto que por culpa de um atraso da GOL acabou tendo que pernoitar em Guarulhos e chegaria só no dia 16/09. Nesse momento tive  a confirmação de que foi acertada a logística de chegar 3 dias antes na pousada. Vôos cancelam e atrasam e assim todos tivemos tranquilidade para nesses dias esperar os que iam chegando , entrar em contato com o guia, comprar algumas coisas na cidade e já ir nos ambientando com tudo. Santa Elena  apesar de pequena e simplória nos divertiu um bocado, a noite ao som do regatton ou ritmos  'venezolanos' íamos comer cachorro quente ou pizza e tomar a Polar Light pelas calçadas, tudo em meio a muita diversão e clima de espera pelo dia 18/09 dia de início da tão esperada expedição ao Monte Roraima.

O Gregory apareceu 2 dias antes na pousada para nos informar que a inscrição no Parque Paratepuy estava ok , porteadores a postos e  comida para 8 dias já comprada. Na pousada ele estendeu uma espécie de mapa do Monte Roraima com todo o trajeto a ser percorrido com detalhes dos pernoites , tipo de alimentação, horas de caminhadas e pontos a serem visitados e abortados caso chovesse
, sendo substituídos por outros. Desde o início Gregory demonstrou todo seu profissionalismo, paciência e grande carisma que envolveu a todos com seu jeito de falar baixo , porém seguro e que ao longo do trekking foi se tornando uma espécie de guru ou mestre das montanhas . Ao fitarmos  seus olhos oblíquos ,  negros e profundos que hipnotizava a todos eramos transportados por suas frases e histórias milenares à  cultura índígena,  mesclada a histórias atuais de outras expedições que ele vez ou outra comentava, tudo com imenso respeito e serenidade. Até agora, passados alguns dias ecoa em nós as frases do grande Gregory , nosso Mestre Yoda das montanhas!

Pousada Lauberge

Minutos antes de partir numa 4X4 rumo ao Parque Nacional de Canaima

Chegado o grande dia , às 9 da manhã apareceu uma 4X4  na frente da pousada pra nos buscar e transportar até o Parque Nacional de Canaima , o sexto maior do mundo em extensão aonde vivem uma das etnias da Gran Sabana, os índios Taurepang. Todos nos acomodamos e fomos informados que o Gregory iria nos aguardar já no parque com os porteadores e um almoço leve para iniciar a jornada.

Trecho antes de chegar na Aldeia de Paraitepuy
São mais 2 horas de estrada até o parque , sendo que metade por estrada de chão e trechos que só um carro com tração consegue passar. Chegando lá nos deixaram num local coberto e reservado para nós. É uma reserva indígena onde está o controle de acesso ao parque, guias e tbém  várias famílias vivem por lá assim como seus cachorros bastante magros.

Cada um assinou seu nome , data e contatos no livro do parque e após um delicioso sanduíche com suco e melão de sobremesa , fomos convidados pelo Gregory a iniciar a jornada com a palavra de ordem que escutaríamos por todo o caminho : " Listos" ? E assim começou a jornada.....


Primeiro dia :  O trajeto é de 10 Km através da Gran Sabana, como é chamada essa região com  vegetação que dá nome ao lugar. A Gran Sabana é habitada por índios Pemons de 3 tribos  que convivem muito pacificamente ; Taurepang, Arekuna e os Kamarakoto.  O caminho é de vários sobe e desce e estávamos tão empolgados que foi muito agradável de caminhar. Uma dica:  passe muito protetor , leve boné e ande de manga comprida, o sol da Gran Sabana é implacável e embora vc não sinta pelo clima bastante ameno ele queima violentamente a pele desprotegida, até os porteadores de pele escura  andavam bem protegidos, com lenços cobrindo o rosto.

Após 4 horas de caminhada ,  chegamos ao primeiro acampamento à beira do Rio Tek,. As barracas já haviam sido montadas pelos porteadores e após um banho no Rio Tek que revigorou a todos ficamos admirando os irmãos gigantes Roraima e Kukenán que se erguiam majestosamente e pareciam vigiar a todos na Gran Sabana. Ali na manhã seguinte seria  feito a primeira filmagem com Drone pelo Djalmo Silva e sua parceira a Cidha Cunha que iam se revezando pra levar o equipamento e obter lindas filmagens da expedição. O sol foi se pondo e dando cores alaranjadas, douradas e vermelhas à Gran Sabana e em pouco tempo escureceu na aldeia/acampamento ... pouco mais tarde saiu uma janta comunitária do nosso grupo com o grupo de Curitibanos que voltava do Monte Roraima e que foi guiado pelo Rony irmão do Gregory. Jantamos juntos à luz de lanternas numa mesa de madeira um delicioso spaguetti á bolonhesa com muito queijo ralado e suco. Ali já se revelaram os mais comilões : Gabriel, Helio e Elder que sempre repetiam por maior que fosse a montanha no prato..  O Jantar foi regado a muitas risadas e Mércia,  a mais animada e espirituosa de sempre, já amiga de um português barbudo que parecia muito a vontade no nosso meio. Assim antes de irmos pra barraca ainda assistimos ao nascer de uma gigantesca lua por traz do Monte Roraima..surreal demais para
descrever!

Igreja de Pedra 

Acampamento do Rio Tek

Ao fundo Monte Kukenan

Caminho em direção ao Monte Roraima e Kukenan 

Helio, Mércia, Gabriel, Elder, Diana, Joara , sentados Cidha e Djalmo


Segundo Dia : O trajeto é de 12 Km e vai até o acampamento base incluindo a travessia de 2 rios, o rio Tek logo de saída e o Rio Kukenan uns 25 minutos adiante, após a travessia dos rios que a maioria fez só de meia , deixamos as mochilas na beira e nos jogamos no Kukenan onde parecia sonho ou surreal demais estar nos banhando no rio aos pés dos gigantes Roraima e Kukenán. Após uns 40 minutos, nosso mestre foi se ajeitando, levantando e quando ele disse a palavra " Listos" todos já estávamos quase prontos pra continuar, em minutos seguíamos rumo ao uma igrejinha lá no alto a uns Km dali...o sol estava forte e em alguma parada Gregory distribuiu maçãs fresquinhas e doces a todos, debaixo de uma sombra. E assim após uma parada nessa linda igrejinha de pedra que compunha com a paisagem um lindo quadro ali Gregory nos contou a história de um ser muito sábio que a milhares de anos andou na Gran Sabana e previu todos os acontecimentos futuros inclusive que o homem branco viria explorar e "descobrir" o Monte Roraima. Após essa parada os Km foram sendo vencidos até chegarmos no acampamento base aos pés do gigante Roraima...estávamos já bem cansados e consumidos pelo sol, pois  nessa região do equador é muito forte e castiga a pele. Algumas núvens escuras apareceram no céu e já parecia se configurar uma chuvinha . As barracas foram montadas e a cozinha já estava montada encima de uma espécie de mesa de pedra que parecia ter saído dos "Flinstons" ali nosso jantar ia sendo preparado. Barracas montadas deixamos as cargueiras dentro e fomos tomar banho numa cachoeirinha a uns 150 metros, foi o banho mais gelado da minha vida....questão de minutos os pés congelavam até doer. Um detalhe, nos rios da Gran Sabana assim como no cume do Monte Roraima só é permitido tomar banho com sabão azul, porém isso não foi seguido muito à risca e era frequente até shampoo pra lavar os cabelos. A água desses rios deixa o cabelo com cheiro de água doce e não secos como a água salgada do mar  que eu que fui criada numa ilha do atlântico estava mais acostumada. Foi bom assim o cabelo não ficava  ressecado e mais fácil de pentear rsrsrs.
A noite após um reforçado jantar, Gregory nos invitou a sentar numa pedra próxima as barracas e se dispôs a nos contar a história de Macunaíma, um ser poderoso que deu origem a história e saga não só do Monte Roraima como de outras histórias conhecidas do nosso planeta. A voz de Gregory é baixa mas a fala é firme e muito bem articulada e parecia hipnotizar a todos, enquanto ele conta histórias e voz embarga e os olhos oblíquos marejam lágrimas,  parece que sentíamos exatamente o que ele sentia, essa parte realmente nos tocou e provocou em todos um profundo elo de ligação na alma de cada um com o Monte Roraima, as histórias, os povos indígenas, a humanidade e o universo, sem exagero. A história de Macunaíma é intrigante além de rica em detalhes,  tem semelhanças enormes com outras versões da história da humanidade como a contada pela tradição judaico cristã, ou a versão sumeriana no Épico de Gilgamesh , além das mitologias Astecas, Greco Romanas, Chinesa entre muitas outras, todas contam de um dilúvio de proporções catastróficas , e de um homem de caráter duvidoso mas que tem a incumbência de salvar a humanidade como é o caso de Noé , Utnapishtim , e no caso Makunaima, . Vale ressaltar que o personagem Makunaima não é o mesmo Macunaíma famoso da obra de Mario Andrade, mas há evidências de que este último tenha se baseado no mito indígena da Gran Sabana. Para mim e para o Elder foi "prato cheio" já que somos a muitos anos curiosos do tema "origem da humanidade" a partir de contos e mitos de várias civilizações , fazemos parte de um grupo que teve origem no ORKUT que fala especialmente dos Anunnakis e o mito da criação na  mitologia sumeriana objeto de estudo de um grande escritor Zacheria Sitchin.  O nosso guia ali revelou a nós grande parte dessa história de forma muito peculiar e que realmente nos tocou.   Ao final da história todos retornamos pensativos para as barracas e mais tarde caiu uma chuva relativamente forte...alguns relataram água na barraca e tiveram que cavar uma canaleta pra escoamento, como estávamos meio em declive a água escoou sem problemas. Na ocasião da história Gregory também nos deu instruções de como nos comportar na montanha, evitar gritos, usar tons respeitosos , caminhar "todos a su ritmo y a su tienpo", e na subida principalmente prestar atenção onde pisa e toca e não ficar tirando fotos de forma distraída. Ele também nos disse que tocaríamos na parede a um certo ponto e ali é o ponto de entrada ao mundo que nos aguardaria lá encima, é ali que fica um dos guardiões de pedra que proteje o Roraima de seu irmão invejoso o Monte Kukenan.As histórias que Gregory nos contou é capítulo a parte vou descreve-las da melhor forma possível num anexo ao relato.
Alexis, Ronny e José no acampamento base preperando o café com arepas

Eu, Elder e Gabriel..cada um com sua montanha no prato

Terceiro Dia -  Ao amanhecer como de  costume às 4 da manhã os porteadores levantaram para fazer o café e a confecção da Arepas , o café era sempre bem reforçado , ou arepas ou Dom plim (espécie de massinha frita muito gostosa) ou panquecas . O recheio era sempre ou sardinha com molho ou geléia. No primeiro e ultimo dia teve ovos mexidos. Já sabiamos que esse era o dia da subida ao Roraima propriamente dito, pela Rampa e Vale de Lágrimas até finalmente alcançar o topo do Tepuy. A subida começou forte, duas ou três sequências de escalaminhadas bem íngremes , cansativas mas não difíceis de realizar. Fiquei um pouco pra trás com a Joara que não havia acordado muito disposta, mas não muito, coisa de 5 minutos , atrás de nós como sempre ficava um porteador fechando a fila. Nesse dia muitos grupos subiram e nas paradas para descansar iamos ultrapassando ou sendo ultrapassados....até chegarmos à parede e tocarmos ela pedindo permissão ao guardião do Roraima para adentrar ao mundo estranho de suas entranhas rumo ao topo. A subida que dura cerca de 4 horas  no total, continuava, com algumas transições e vales até chegarmos ao passo das lágrimas que na verdade é uma cachoeira que cai levemente sobre o caminho pedregoso, ali todos colocam capas de chuva e protegem os equipamentos para continuar sempre com muito cuidado. Quando chove o caminho vira uma cachoeira e isso íamos constatar na volta! Passado o vale das lágrimas chegamos ao final da subida e em 15 minutos ou menos fomos pouco a pouco pisando no cume..emoção inexplicável, choro, lágrimas silenciosas de respeito ao lugar , uma porteadora me olhava no momento que cheguei ao cume , parecia curiosa para ver minha reação pois não tirava os olhos de mim, e então eu caí no choro de felicidade ao que ela sorriu como se já soubesse que era o que ia acontecer . Estávamos todos bem emocionados e algo incrédulos de estar naquele local estranhamente belo, misterioso e inexplicável ,  nosso guia abraçou a todos dando um daqueles sorrisos satisfeitos de quem mais uma vez cumpriu bem seu papel de guiar na montanha sagrada.  Após algumas fotos, nuvens muito escuras começaram a se aproximar e então o Gregory com um olhar nos convocou a todos para segui-lo rapidamente até o nosso "hotel" que é como chamam as grutas ou cavernas onde se montam os acampamentos lá no cume. Eu  , Elder  e a Joara demoramos mais pra sair do local  de chegada do cume  pois estávamos ainda tirando fotos, até que percebemos um denso nevoeiro se aproximando e já não enxergávamos mais os outros que iam na frente, as capas e parkas coloridas características de quem faz montanha ajudava vez ou outra enxergarmos eles adiante, mas o solo que pisávamos era totalmente irregular, rochoso, intercalado por bancos de areia e poças de água e  se parecia ao fundo de um oceano! A visão é de um filme de ficção científica, há morros de pedra no cume do Monte Roraima e formações rochosas de todo tipo e desenho que se assemelham a animais e pessoas ou perfis humanos, isso espalhado na superfície imensa do que parece ser outro planeta. A impressão é que naves alienígenas vão sair detrás das pedras ou que algum animal préhistórico irá surgir passeando pelo cume...Após o nevoeiro veio a chuva , o que dificultou ainda mais a visão do caminho. No Monte Roraima há centenas de caminhos, e os caminhos   nada mais são as partes da rocha esbranquecidas pelo caminhar de pessoas pelo cume pelo mesmo lugar o que desgasta as pedras. Ainda assim é preciso conhecer muito bem, pois cada caminho desses leva a locais bem remotos e distantes. Posso dizer com certeza não ser aconselhável andar sem guia, a não ser que vc queira percorrer os 87 Km em círculos e testando cada um das centenas de caminhos e rastros nas pedras ,  o que levaria meses e não 6 ou 8 dias que é o que comumente se leva pra conhecer os principais pontos do platô.
Finalmente o nevoeiro se dissipou e o Rony, irmão do Gregory nos alcançou e mostrou o melhor caminho pra chegar no "hotel"  que ficava em frente ao "Carro" ou "Maverik", monte  de rochas que fica acima do cume do Roraima e que ficava de frente para o nosso acampamento na gruta. Deve ter cerca de 100 mts de altura e é o ponto mais alto do Monte Roraima ( 2.810 mts ).
Após trocarmos de roupa na gruta já com as barracas sendo montadas, percebi que uma das porteadoras não estava bem, e o Gregory disse que ela tinha febre e frio. Dei paracetamol e arrumamos roupas secas para ela que estava acompanhada da filha de uns 12 anos que vinha acompanhando o grupo. De almoço nos deram um sanduiche quente muito gostoso, uma espécie de baurú prensado com salada  queijo e presunto, acompanhado de suco.Eu comeria dois desse rsrsrs mas um foi o suficiente. Foi então que o tempo abriu e o céu ficou limpo. O Gregory que me olhava preocupado propôs uma ida e subida  ao "Carro" ou "Maverik", o ponto mais alto do Roraima. Todos toparam e fomos lá como se não tivéssemos feito esforço algum, em minutos estávamos no alto do carro e admirávamos "todo despejado", como eles dizem quando a visão é total. Ali no mirante do carro tivemos a visão espetacular dos paredões do Monte Roraima e de onde estávamos, era de tirar o folego, ficamos ali até o sol ir baixando e mais um espetacular dia foi findando, ..Voltamos à gruta e lá nos aguardava de janta um maravilhoso prato de macarrão com molho de linguiça. A noite veio,  e com ela o cansaço e todos adormecemos. Ali alguns começaram a ter pesadelos e sensações estranhas à noite....
Mirador na subida da Rampa

Eu e meu guia Gregory Lanz

Rumo ao passo das Lágrimas

No mirante Maverik já após chegarmos no cume

Ponto mais alto do Monte Roraima

En El Carro Maverik

Gabriel , Mercia, Cidha, Djalmo e Diana


Quarto Dia - Acordamos como de costume  com o barulho do fogareiro à querosene que tem que ser bombeado manualmente, nesse dia foi arepas recheadas  com molho de sardinha e muito café...como de costume alguns não aguentavam comer as duas e davam para os comilões : Gabriel, Helio e Elder que comiam sem deixar um farelinho. Eu guardava em papel alumínio o que sobrava para o lanchinho no meio do caminho...E assim à palavra de órdem " Listos" todos partiamos em fila indiana, nesse dia descobri que a melhor formação era o Gregory e Joara na frente, na sequencia o falante e energizado Hélio, o sempre bem humorado Gabriel seguido da Mercia que não andava lá essas coisas do estomago mas também não reclamava, na sequencia eu, Elder , Djalmo e seu Drone (que lembrava um Canguru com sua cria) e sua namorada a Cidha , nos acompanhavam   a porteadora Gladys e sua filha que hora iam na frente hora iam atrás ,  e demais porteadores: Rony, Antonio, Alexys e demais..
Passamos por paisagens insólitas de todo tipo, o platô é imenso , chegamos ao  "El fosso" , um imenso poço que parece mais uma cratera que ao fundo se vêem cavernas e um rio subterrâneo, belíssimo. Indescritível...... Continuamos andando pelo imenso e  surreal cume que divide território de 3 países e assim nos dirigimos à tríplice fronteira onde está o marco que marca o ponto de intersecção da porção venezuelana, brasileira e guiana inglesa. Além dele muitos guias não querem ir, é considerado "peligroso" e cheio de mistérios, mas Gregory é dos que enfrentam esse receio e algo entre  relutante e respeitoso aceita nos guiar para além desse limite mais desconhecido do Roraima. Fomos passando por vales e paisagens cada vez mais incríveis, entre elas uma formação rochosa  imensa chamado de "A Águia" onde passamos tempo tirando fotos para  depois seguimos mais 5 Km  até chegar ao hotel Quaty, no total nesse dia andamos 12 Km cruzando o  cume. O Hotel Quati parece cenário do Oriente Médio, tem algo de egípcio, é  uma caverna no interior de uma formação rochosa muito bonita ,  alta e cheia de labirintos e poços de luz por onde entra a luz  iluminando  belamente o interior da gruta  com seus lindos ornamentos naturais composto por folhagens e plantas belíssimas e exóticas.
As barracas foram montadas assim como a cozinha e seria ali que passariamos as próximas duas noites. Após o almoço fomos instruídos aonde podíamos tomar banho, próximo ao hotel em algumas piscininhas naturais de água cristalina e corrente , nada geladas, assim em dupla fomos todos buscar uma piscininha e tomar banho, lavar cabelo, lavar as roupas etc...
Após um descanso fomos todos ao mirante ali próximo, mirar o abismo brasileiro , entardecer belíssimo mas que em minutos começou a se transformar em escuridão por núvens ameaçadoras, voltamos à gruta.
Mais tarde começou a ventar dentro da caverna, um vento gelado o que nos obrigou a botar roupas quentes, luva e touca. Ao anoitecer uma nuvem invadiu a caverna e a luz das lanternas dava um efeito de balada em casa  noturna dentro do recinto. Tudo era motivo de animação, porém essa e a próxima seriam as noites mais difíceis pra mim que já sentia os efeitos de vários dias sem contato em casa, quando viajo sinto muita falta de todos de casa  especialmente da  Jade a menor , embora eu confie muito nos irmãos  maiores Gabriel,  Giulia e Lucas que são mais que acostumados com minhas saídas à montanha , o coração aperta nessas horas e a noite parecia não passar. Lágrimas de saudades escorriam pelo rosto quase inundando a barraca rsrsrs e foi nessa noite que sonhei horas e horas com minha mãe já falecida. Conversava muito com ela, discutíamos diversos assuntos, e assim toda vez que acordava e me via naquele confinamento sentia a dor da saudade marcando cada minuto. Nessa noite o Djalmo também teve pesadelos de um desmoronamento e acordou aos berros, mas enfim foi acalmado pela namorada Cidha e  tudo foi contornado. Por fim amanhecemos ao som do bombear do fogareiro de querosene preparando o café.

Amanhecer no Mirante do Hotel Quaty

Elder "tocando" o sol

El Fosso

Triplice Fronteira - Marco

Elder e Eu rumo ao Lago Gladys

Djalmo e Cidha , e eu(Diana)

Hotel em frente ao Maverik


Quinto dia :

Já nesse dia  todos apresentavam sinais de desgaste físico , e algumas oscilações de humor, o Helio um dos mais cheios de energia e que volta e meia fuçava em posição de lótus para meditar, já andava tendo visões e arrepios... e por vezes ficava irritado com uma ou outra coisa com o companheiro de barraca Gabriel que parecia ignorar completamente a irritação do parceiro de barraca, ao invés disso o montanhista da Black Rock Expedições estava mais ocupado em curtir a oportunidade aproveitando em todos os aspectos o momento que estava vivendo.   Joara era a " Alice no pais das maravilhas" do grupo: tudo era bom, lindo e sensacional e nenhuma reclamação saia da boca dela, como andava sempre ao lado do Gregory o ritmo dela evoluiu e se nos primeiros dias teve oscilações a essa altura ela estava rendendo bem na trilha. Mercia a molecona do grupo que diverte a todos com suas tiradas uma hora soltou essa :" Ô Gregory dizem que não pode levar diamante nem cristal daqui porque revisam la embaixo...pois eu engoli um , agora quero ver !" Gregory só ria e parecia se divertir com os comentários hilários. O Elder , cético e incrédulo quando o assunto é lenda ou fábula, toda hora mencionava frases da história de Makunaíma e parecia não mais duvidar da veracidade das histórias, inclusive a dos espíritos guardiães que habitam o Monte Roraima e gostam de assustar os visitantes de noite provocando barulhos sobrenaturais... Eu alternava momentos de fascinação e euforia , com momentos de saudades da galera lá de casa...mas todos  sabíamos que ainda faltava a parte mais desconhecida e pouco visitada do Monte Roraima : O Misterioso Lago Gladys, e também a "Prôa".]
Saímos todos para uma caminhada longa de 7 horas (ida e volta). O dia estava esquisito, após uma hora de caminhada chegamos ao Rio de Ouro, lugar belíssimo, paradisíaco onde corriam águas e mini cachoeiras douradas....realmente fantástico. Prosseguimos e então uma espessa névoa foi substituindo o céu azul e raios solares que brilhavam no Rio de Ouro. A névoa foi ficando espessa até termos que vestir as capas de chuva e fomos tendo que enfrentar o frio e humidade andando dentro dessa núvem. Ao chegarmos perto do abismo fechou de vez, não se via nada, nada mesmo nem um palmo, aguardamos uns 15 minutos e o Gregory nos chamou para segui-lo. Saindo  dali, uns 20 minutos adiante chegamos ao lendário Lago Gladys, estava sem visibilidade , névoa espessa, então vimos o Gregory se afastar e se sentar silencioso. Passados alguns minutos , a névoa foi se dissipando e o vulto de  algo enorme foi aparecendo, sim , era o próprio:  O grande e misterioso Lago Gladys,

É visão de filme, dizem foi mencionado e descrito com detalhes no romance " O Mundo Perdido" de Arthur Conan Doyle. Muitos índios Pemons dizem que o lago não existe e sequer pisam lá, pois mistérios cercam aquele local e os raros que se arriscam a levar aventureiros como nós até lá, aceitam porém relutantes, como foi o caso de Gregory e demais porteadores. Ao chegar lá os porteadores mudaram de humor, pediam silêncio e a expressão era tensa. O próprio Gregory parecia cumprir um protocolo ou acordo que assumiu ao nos levar, mas os minutos eram contados. Tiramos incríveis fotos daquele imenso lago no cume do Monte Roraima, parecia que a qualquer momento um dinossauro ia emergir das suas profundezas. Gregory com uma expressão mais aliviada disse que o Lago Gladys tem poderes e que não aceita bem certas visitas , sendo frequente ao chegar la  a chuva e vento forte, além de nuvens que o cobrem por completo , tornando o local "peligroso". Porém o Lago para nós foi gentil e permitiu-nos aberturas de tempo e lindas fotos. Ainda assim passados uns 20 minutos a névoa veio , fechando tudo, o mirante ali próximo, ou seja o abismo ficou absolutamente impossível de chegar perto, o tempo gelou e veio uma nuvem extremamente densa e molhada que nos envolveu, era hora de voltar. Iriamos até a Proa, outro ponto difícil de visitar, mas essa  o Gregory foi terminantemente contra e sem espaço para " mas.." nos invitou a retornar . A volta passamos pelo Rio de Ouro e incrivelmente assim como na ida, ao chegar lá o tempo é outro, limpo, sol brilhante e quente! Coisas do Monte Roraima que parece por si só permitir acesso a alguns locais e outros simplesmente não. No Rio de Ouro uma reforçada macarronada nos aguardava pela equipe da cozinha, com suco lógico. Voltamos pro Hotel Quati na gruta cinematográfica , eu e Elder  saímos em direção ao local de banho. Nesse locais a experiência é incrível ,  lá se tira a roupa e entra nas  poças de água corrente ao ar livre na imensidão daquele platô mirando as esculturas e monolitos que parecem te observar por todos lados em formatos variados de animais, pessoas e guardiães. Passados  uns 15 minutos  percebemos uma névoa se aproximando, sinal que a visibilidade em minutos seria zero , avisei meu namorado mas ele parecia não se importar, eu catei as coisas e fui voltando chamando ele pra vir logo, em poucos minutos aconteceu o que eu previa, tudo ficou branco, segui as pedras brancas indicadoras do caminho e como eu sabia que o Hotel Quati ficava à direita consegui chegar lá a tempo porém olhei pra trás e nada do Elder, só névoa branca e espessa, fiquei de pé na entrada da gruta olhando ao longe e após uns minutos surgiu a silueta do dito cujo meio que procurando orientação , acenei com os braços e então ele me viu e veio rapidamente na minha direção . Fim da aflição de perder meu parceiro no "mundo perdido" rsrsrs. Anoiteceu e veio a janta, desta vez uma cumbuca generosa de sopa quentinha e gostosa, café e até pipoca depois pra completar...A Joara exultou ao saber que era sopa  pois ela estava justamente dizendo que queria muito uma sopinha...


Nosso Mestre Yoda, o Gregory Lanz

Misterioso e poderoso Lago Gladys

Hotel Quaty
Selfie do Helio , ao fundo Elder, Diana, Ronny, Gabriel, Joara, Mercia, Djalmo e Cidha


Sexto dia: 

Amanheceu e após o café rotineiro na gruta , já sabíamos que a partir dali o caminho era de volta, Nesse  dia assim como em outros Djalmo e Cidha foram fazer  algumas filmagens com o drone, porém este ficou rebelde e não quis filmar nada , subindo alguns centímetros na altura da Cidha sentada e caiu, até o drone parecia cansado da árdua jornada, mas não ocorreu nenhum dano sério. O acampamento foi sendo desmontado e sabíamos que tínhamos 11 Km de volta até o primeiro acampamento do cume , o hotel em frente ao "Carro Maverik ", perguntei ao Gregory o que mais iriamos ver nesse dia e ele pacientemente  explicou o que tinha em mente: Ir até o Marco da tríplice fronteira, deixar as cargueira e ir aé o vale dos Cristais, retornar e prosseguir até o primeiro acampamento , almoçar , descansar e ir até as jacuzzis naturais , o abismo venezolano e por fim o La Ventana, um temível local que fica sempre fechado por núvens  e que tem uma espécie de janela que dá vista para um abismo infindável, além disso é necessário pular algumas fendas mortais pra chegar lá...brrrr ansiedade. E assim foi, visitamos o Vale dos Cristais, é incrível, uma montanha de cristais sobre os quais vc caminha , pega punhados nas mãos, ou pedaços inteiros de Quartzos , gastamos uma meia hora ali escrevendo nome dos familiares com cristais e então Gregory falou a palavrinha mágica: " Listos"? E fomos em direção ao nosso destino , " El Carro"... não sem antes passar novamente pela "Águia " e o Vale dos Elefantes entre outros locais que já havíamos passado , porém agora era a volta . Chegamos na gruta/hotel que haviamos estado anteriormente e as barracas já estavam praticamente todas montadas pelos porteadores. O almoço foi arroz com feijão e alguns temperinhos muito bons, não era o feijão à moda brasileira, mas aí é querer demais, comemos com vontade aquele pratão sempre em formato de montanha que ganhávamos e comiamos como peões de obra kkkkk.

Após descansarmos da caminhada e almoço , Gregory nos convocou para irmos até as Jacuzzi , o La Ventana e o Mirante para o Kukenán. Listos? Siiiii...mas cadê o Djalmo e a Cidha? Gritei e chamei, mas nada foi respondido, tinham ido pegar água a um bom tempo mas nada , nem sinal deles....Chegamos à conclusão que estavam ali perto resolvendo algum assunto "particular" e pelo avançado da hora tivemos que partir sem eles que teriam que permanecer no acampamento esperando.

E assim saltitando sobre pedras e poças característicos do solo interestellar do Monte Roraima, chegamos ao local das Jacuzzi, todos cansados não se animaram a entrar, exceto eu e o Elder que nos metemos nas piscinas magníficas de tom esverdeado e fundo de cristal das Jacuzzi, é simplesmente surreal, os outros olhando de lado, meio com vontade, botando culpa nas núvens, somente a Mércia arriscou uma entradinha...enquanto isso eu e Elder tirando fotos e pulando de jacuzzi em Jacuzzi, foi então que surgiram raios de sol e derrepente , o  Hélio( que na mitologia grega é a personificação do Sol) , pareceu renascer e foi tirando bota, roupa, se descascando todo e em segundos estava lá pulando e tirando as selfies características além das outras poses super legais que ele sempre tem muita criatividade para fazer.

Próximo ponto seria o mirante para o Kukenán, chegamos estava fechado, mas depois de uns instantes abriu completamente , deixando apenas algumas nuvens ornamentando a visão magnífica dali, em certo momento fui até a beira do abismo meio sem perceber para tirar foto, senti um arrepio ao lembrar que ali o descuido seria fatal e olhei pra baixo...me deu vertigem e ao levantar o rosto dei de cara com a expressão mais preocupada que tinha visto no semblante de Gregory até agora, com esse olhar saí de perto do abismo e me desculpei pois vi o quanto é estressante pra ele ver esse tipo de coisa pois  jamais é indelicado , apenas dá todos os avisos e fica por nossa conta sermos cuidadosos ou não.

Gregory se animou com a abertura do sol e nuvens no mirante e nos propôs ir até o La Ventana, é ali perto, uns 15 minutos a frente, porém ao chegarmos lá tudo estava fechado, uma névoa espessa e nuvens passando por nós , me senti dentro de um vulcão de nuvens e atravessei a fenda mortal num passo, sem nem pensar o que poderia acontecer se um descuido acontecesse. Gregory se sentou, meditou , tiramos fotos do La Ventana, a formação rochosa em formato de janela...mas não , dessa vez não fomos aceitos, não abriu nada e Gregory nos convidou a voltar ao "Hotel". Não sem antes passar novamente no mirante para o Kukenán , ali sim novamente pegamos aberto e após umas últimas fotos retornamos.
Chegando lá Djalmo e Cidha já estavam na barraca bem tranquilos, sem demonstrar chateação por não terem ido, creio que eles gastaram bem o tempo deles sozinhos rsrsrs.
À noite  sopa e café e começou uma chuva que durou a noite toda até o amanhecer pela primeira vez....De noite alguns tiveram seu momento de stress, o Helio deu um momento de loucura e saiu bem bravo da barraca irritado com o companheiro, com a barraca e sabe Deus com mais o que, eu que já não estava muito mansa, saí da barraca e também dei minha rodada de saia , mas em minutos nos acalmamos e fomos arrumar as coisas para o dia da descida e despedida do Monte Roraima.
Abismo venezuelano, vista para o Kukenan

Jacuzzis

Momento zena nas Jacuzzis

No Vale dos Cristais o nome de meus filhos escritos com Cristais


Sétimo dia : Minha intenção era ver o sol nascer no  Maverik, mas não foi possível, pela primeira vez o Monte Roraima amanheceu chuvoso, arrumamos as coisas e Gregory nos avisou que a descida seria até o acampamento base mas não dormiríamos ali e sim almoçaríamos  e após mais 12 Km de caminhada  dormiríamos já no acampamento do Rio Tek. Uma puxada forte mas necessária pra cumprir o cronograma . A descida do Monte Roraima começou emocionante o Vale das Lágrimas estava forte, como choveu muito a cachoeira estava com vasão 100% e caia sobre o caminho pedregoso da descida transformando o Vale das Lágrimas em Vale da Chuva forte mesmo, vestimos as capas, protegemos as coisas em plásticos e com cuidado fomos descendo com a cachoeira nos empurrando pra baixo...após o Vale das Lágrimas o desafio eram os joelhos, o meu estava feito em frangalhos, se até ali ele deu pro gasto, dali pra frente foi na raça e sofrimento, cada pisada na descida eram mil agulhas no joelho , mas eu já tinha passado por coisas assim com meu joelho e sabia que melhor era não pensar muito e só descer...Solicitei bastante ajuda da mão do meu namorado na descida pra amortecer o impacto da descida no joelho mas ele mesmo também já tinha dores no pé e pouco conseguiu me ajudar. Mas chegamos no acampamento base. Fomos cumprimentados e abraçados pelo Gregory com um grande sorriso e nos brindou com fartas fatias de melancia geladinha que ficara escondida num plastico na cachoeira (geladeira natural) desde a nossa subida. Minutos depois saiu um caprichado macarrão parafuso estilo salpicão, com maioneses, atum , ervilha e milho...cada um ganhou um prato com uma montanha estilo Everest de macarrão. Como sempre o Gabriel morto de fome devorou a montanha dele a os restos de outras montanhas rsrsrs. Momentos depois estávamos novamente na trilha de descida rumo ao acampamento na aldeia do Rio Tek.  Outros grupos desceram juntos e dois integrantes mais apressadinhos que nos ultrapassaram caíram na nossa frente de um jeito muito engraçado , mas continuaram a corrida deles pra chegar alguns minutos apenas antes que nós no destino final. Comecei a sentir cólicas e temi pelo que eu sabia que ia acontecer no máximo aquela noite...mulher tem mais esse inconveniente quando vai pra montanha, e no meu caso é um grande inconveniente pois além das cólicas acho que metade do sangue do meu corpo vai embora nesses dias...e foi isso mesmo , naquela noite fiquei "naqueles dias" e ainda teria o dia seguinte da volta até  a aldeia de Paraitepuy, mas ...mais uma vez pensei, melhor não pensar, só prosseguir, era a reta final...
Nessa noite o jantar foi reforçado e após banho e lavagem de roupa no Rio Tek , comemos uma bela macarronada e fomos dormir já antevendo o final da jornada

Oitavo dia -  Amanhecemos com dia incrível, e  foi o meu café preferido : Domplim (massa frita) com ovos mexidos e café . Foi bom porque eu sentia tontura e fraqueza pelas cólicas ,  mas com esse café até me senti melhor e me preparei pra caminhada final. Respirei fundo e pensei : melhor começar num ritmo forte e constante pra não desanimar e esquecer da dor. E assim a caminhada começou, eu não tinha percebido mas na volta assim que sai do acampamento é só subida e naquele sol, aquilo foi me consumindo. Comecei andando forte e na frente mas após umas 4 ladeiras sob sol escaldante , senti a boca secar e o chão ficar esquisito de pisar, tontura e pedi pro meu namorado parar, tomei água , esperei aquela sensação passar e o grupo foi indo na frente. E assim foi o caminho todo, tontura , sede e cólicas fortes, mas meu lema nessas horas sempre é : Anda e não pensa! Ao atravessarmos o rio Kukenam , meu joelho também resolveu desisitir , e se juntou à minha cólica  e ao sol escaldante , parecendo 3 demônios sentados encima da minha cargueira rindo do meu esforço...parece piada mas foi por ali que também começou uma dor de barriga kkkk aí apertei o botãozinho do foda-se e disse praquele monte de dores e desconfortos: Vão se foder, vou chegar lá e tomar uma Zulia e rir da cara de vcs! E fui com dor, cólica, joelho podre e tudo mais rumo ao final da jornada, afinal a adrenalina da chegada já começava a me ajudar! Por fim eu e o Elder chegamos um pouco depois dos demais  ao Parque e avistei a todos já com uma Zulia na mão comemorando a chegada.
Cerveja Zulia para comemorar o êxito da expedição

 Fim da jornada. Ainda teve uma parada pra comer pollo assado numa aldeia em San Francisco já próximo de Santa Elena, ainda incluso no pacote, ali alguns compraram suvenirs e o Gregory nos presenteou com uma camiseta dos atrativos da Gran Sabana  para cada um . Já a noite na pousada  após banho maravilhoso e quarto geladinho pelo ar condicionado, já refeitos e satisfeitos saímos e fomos comer Hamburguesa muito deliciosa numa lancheria que fica embaixo de um Hotel  do Centro de Santa Elena.

Já sentíamos falta do Gregory e ele de nós, pelo jeito , que foi nos ver na pousada mas justo tínhamos saído pra jantar.
Dia seguinte ainda curtimos o café na padaria e chamamos os taxistas que haviam trazido metade da galera na vinda. Foi ótimo pois eram dois carros bons ,  com ar condicionado e pararam  pra almoço num restaurante já no Brasil , após a fronteira chamado "Quarto de Bode" , onde comemos comida caseira, com direito a feijãozinho cremoso e paçoca de carne seca e claro , cerveja gelada!

Almoço no  Quarto de Bode


Não podia ter sido melhor..Uma jornada cheia de aventuras, percalços, dificuldades sim ,porém insólita, profunda e que promoveu uma transformação interna mais que externa em todos nós. Pessoalmente não só superou minhas expectativas como aventureira ou montanhista mas me levou a uma experiência ao mais selvagem e elevado ao mesmo tempo, me senti conectada com aquilo que muitas vezes havia duvidado. Agradeço ao nosso guia e mais que isso um mestre das montanhas e da vida, um dos seres mais singulares que conheci o Gregory Lanz e sim também toda sua equipe sensacional e comprometida. Já tenho vontade de voltar e ve-los a todos, assim como de pisar novamente na Gran Sabana. Recomendo aos amigos, aos meus filhos e a quem mais puder ter essa experiência única e se possível com ele,  o guia Gregory Lanz. Os contatos dele deixo aqui e super recomendo para os que quiserem além de um excelente guia, um líder, contador de histórias e mitos, e profundo conhecedor do Monte Roraima, filho de um explorador que já visitou o Kukenán e saiu vivo de lá.

Gregory Lanz : +58 - 414 - 9856973

lanzhunter@hotmail.com

O  grupo no Whats App continua até hj...na volta para Floripa ainda passei com meu namorado na Chapada das Mesas , próximo à cidade natal do meu sogro Carolina no Maranhão,  Mas essa é uma outra história....

Abaixo alguns mapas e ilustrações  da Gran Sabana :









sexta-feira, 12 de junho de 2015

TRAVESSIA PETRÔ - TERÊ - Serra dos Órgãos 2015

Foto pra posteridade rsrsrs
Já havia  feito a  clássica travessia da Serra dos Órgãos em 2013. Na ocasião sentido Terê - Petró.  Por uma questão de lugar nos abrigos, havia feito na contramão da maioria dos montanhistas que frequentam o parque e a contragosto dos funcionários do PARNASO fizemos sem guia em um grupo de 12 pessoas, apenas baseados em relatos, mapas fornecidos pelo parque.  Não tivemos problema algum e a travessia foi concluída com êxito. 
Desde o dia em que saí do parque, já comecei a afirmar que logo voltaria pra fazer no sentido clássico, Petrópolis - Teresópolis, e a oportunidade surgiu este ano , num convite da Terezinha Tessaro , via face, para repetirmos a travessia , logo me animei e nem pensei duas vezes  , principalmente porque desde  a perrengosa  travessia 7C, no Ibitiraquire, em dezembro de 2013, não havia mais saído de Floripa, exceto pra fazer o Pico Paraná em abril deste ano. E agora em Junho, no feriado de Corpus Christi, seria mais uma oportunidade de me lançar numa travessia clássica ao melhor estilo, o meu preferido: travessia por cristas de montanhas, altitude de mais de 2.000 mts,  com cumes amplos e visão exuberante de uma cadeia de montanhas da serra do mar. 
O mês que antecedeu a trilha não foi fácil pra mim devido alguns contratempos . Gosto de me informar bem, embora a travessia não fosse nova, é sempre bom atualizar informações, relembrar os trechos importantes das trilhas, logística e estratégia prontas pra somente curtir enquanto estiver na pernada. Mas, enfim, me senti preparada igualmente confiando na experiência adquirida em tantas travessias que já fiz. A maioria em condições bem adversas e sem o conforto de abrigos de montanha nos cumes. Trilhas, muitas vezes fechadas e pouco frequentadas, enfim, a travessia petró - teré é um luxo, um presente valioso pra mim, um bálsamo. . 
Mas vamos a travessia da Serra dos Órgãos : ela  pode ser feita de várias formas, e pode variar o tempo para percorrê-la, dependendo da estratégia ou modalidade escolhida. Pra quem tem pulmão e gosta de correr no mato, ela pode ser concluída tranquilamente em um dia. Já fiz travessias assim, e não recomendo se vc gosta de curtir o ar da montanha, tirar fotos, e parar pra contemplar nos cumes ou mirantes, além de, claro, curtir aquele pernoite clássico numa barraca ou bivaque ao ar livre, tomar cafezinho de fogareiro, fazer aquela jantinha caprichada a zero graus de temperatura... Por isso, as duas vezes que fui, resolvi fazer em estilo "slow". São 3 dias, com tempo de sobra para superar os 3 trechos nos quais ela é dividida de forma a que você pernoite nos abrigos de montanhas. Nada de correria e preocupação. Até porque, correr numa trilha dessas, ter pressa é um pecado para os olhos. Além de inútil, pois se chega no abrigo do mesmo jeito, ou em 4 horas, ou em 6. E ainda sobra muito tempo pra curtir a montanha. Minha única preocupação era o grupo grande. 20 pessoas. Um número grande pra mim que costumo fazer trilha ou montanha com no máximo 5 ou 6 pessoas. N'um grupo assim, é inevitável a diferença de ritmo e intenção na performance, além de diferenças na logística adotada. Alguns andariam mais leves, pois optaram por pagar beliche ou barraca nos abrigos. Outros, como eu, optaram por andar com tudo na cargueira. Meu modo de pensar é que se baixa um nevoeiro, e a dificuldade de navegar apresenta riscos, o melhor é parar, e continuar no outro dia. E é por isso que ando sempre com equipamento completo: barraca, saco de dormir, comida pra 3 dias, roupa quente e impermeável... etc.... 
Mas o grupo em sua maioria era experiente e cada um soube montar sua própria estratégia. Houve quem disparasse na frente e andasse com a pressa de quem precisa chegar numa estação de trem no horário (rsrsrs) E houve os que como eu, priorizaram  aproveitar o tempo de sobra na montanha, em paradas sem pressa, contemplação e companheirismo. Essa é minha opção  n'uma trilha desse tipo, sem maiores dificuldades. Quando a trilha é assim demarcada, e se tem tempo, prefiro  tirar  o máximo que a experiência pode me dar.  Já fiz muita travessia sem pregar o olho à noite, só na pernada, correndo contra o  tempo pra concluir em segurança. Não podendo parar com risco de uma hipotermia, chuva, lama, e bichos peçonhentos rastejando em volta ...rsrrss... enfim, sei correr quando eu preciso, mas se não tem necessidade, permito-me mais paradas e despreocupação com tempo. 
A Terezinha Tessaro foi quem organizou a excursão à Serra dos Órgãos deste ano  e contou com a ajuda do Evaldo Bez Bati pra conseguir , um micro com 2 motoristas, muito bons por sinal, pra fazerem a viagem Florianópolis - Petropolis e depois nos resgatar em Teresópolis. Como eu tinha organizado a anterior, dei uma mão com as inscrições no parque e o Pedro Filho organizou bem as estadias nos abrigos afim de garantir boas pernoites e um risoto de confraternização no Abrigo Quatro. O grupo era heterogêneo. Havia os “veteranos” que estavam fazendo pela segunda vez, os estreantes no PARNASO, embora trekkeiros experientes, e havia os  que jamais haviam feito travessia ainda, desse tipo. Mas todos  tinham algo em comum: a determinação de fazê-la... Nenhuma dúvida pairava no ar. Muito pelo contrário, o clima já na viagem era de curtir montanha. Nenhum receio, nem sombra de medo ou insegurança... Muito bom! 
Assim, por volta de 20:30 do dia 04-06, o micro partiu, Floripa-Petrópolis. Viagem boa, animação lá encima, todos preparados, algumas  cargueiras do tamanho de um trailer e outras que mais pareciam de ataque... Cada um na sua estratégia...


Chegamos em Petrópolis por volta das 15 hs após subida interminável pela serra que levava ao PARNASO. O micro parou em um certo lugar próximo a portaria e o ultimo trecho foi vencido à pé. Após a foto oficial, alguns já foram tomando dianteira na trilha do primeiro trecho. Para nós que ainda enrolamos um pouco a subida ao castelo do Açu que fica a 2.232  mts de altitude,  iniciou às 17 hs. Tarde p'ra quem vai sem guia, porém sabíamos que a trilha era bem demarcada podendo complicar somente no trecho final, caso baixasse um  nevoeiro e impedisse nossa navegação visual. É considerado o trecho mais difícil a vencer nos 3 dias, por conta da subida ´ingreme. Geralmente, se leva entre 4 ou 6 hs pra concluir. Pelo horário de partida, expliquei pra quem eu pude que não adiantava correr, pois mesmo num ritmo acelerado não chegaríamos antes das 21 hs no abrigo. Então, era aproveitar a lua cheia e poupar esforço desnecessário, ainda mais na subida puxada que iriamos ter. 
O trilha pro Açu é puxada. E embora muito bem cuidada e aberta, a subida é de tirar o fôlego pra quem não está acostumado com peso. Passamos por várias cachoeiras no início. E com o ganho de altitude dá pra perceber a vegetação que vai mudando até chegar àquela típica de alta montanha. O primeiro trecho da subida até a pedra do queijo me exigiu mais esforço particularmente. Em alguns trechos tive que parar para tomar fôlego,  e percebi o que  a falta de condicionamento tita de energia.... Mesmo assim, a medida que ganhávamos altitude, meu pulmão ia respondendo melhor, e um grupo já tinha se distanciado na dianteira. Outros dois ou três grupos seguiam logo atrás. Eu num ritmo constante  até que algumas paradas pra ajeitar uma coisa nos distanciaram. Junto comigo ia o Elder Di Moura - meu namorado , maranhense  determinado,  e sempre muito focado nos detalhes da trilha. Ótimo parceiro. Sempre solicito, e por boa parte do tempo, absorto nos próprios pensamentos, reflexões. De um cara amante de música boa, boas leituras. Sempre regando as experiências com alguns clássicos de  suas bandas de heavy metal ou autores e filósofos preferidos. Junto de nós iam a Maria Thereza, Djalmo, Pedro Filho, Terezinha, Mercia Brito, mais a frente o Willian, Thiago, Chico e Jaçanã(outro casal rock n roll) e também o casal Ricardo Ferraresi e Rosângela. A Joara , alegre parceira de montanha ia no pelotão da frente junto com o Jules, Eliane, Evaldo Julius e Carlise. 
 Estes últimos pouco vi na trilha, já que nos 3 dias andaram sempre na frente, demonstrando estarem com bom condicionamento e bastante preocupação em manter ritmo mais acelerado. 
E assim, já escurecendo chegamos na Pedra do Queijo, onde cruzamos por alguns que desciam pra Petrópolis e nos informaram que nossos amigos estavam logo adiante. Dali até o Ajax a subida é mais tranquila, porém sofri um pouco devido as intensas câimbras que me acometeram nessa altura, na coxa e panturrilha. Mais uma vez amaldiçoei minha preguiça de frequentar academia. Tomei um carb up e com as vigorosas massagens do meu "namorado-personal condicionador-trainner" melhorei e  por fim  consegui prosseguir  tendo pela frente o  trecho mais íngreme, a tal subida da Isabeloca, chegando no fim da Isabeloca  tiramos fotos já com as lanternas ligadas, curtimos um bom descanso e lanchamos, além de colocarmos roupas quentes , toucas, luvas e anoraques, já que a temperatura baixou drasticamente . Esse local tem esse nome em alusão a princesa Isabel que teria passado por ali no lombo de mulas.
Isabeloca na lua cheia
  
Após essa longa parada na Isabeloca chegamos ao chapadão e a noite nos brindou com o nascer de uma enorme lua cheia, e assim eu tive mais uma vez a experiência de andar em campos de altitude à  noite, num chapadão maravilhoso.
A lua nascendo na Serra dos Órgãos : Foto Djalmo


 Iluminados pela lua cheia, desligamos as lanternas e resolvemos curtir a noite na montanha andando sem pressa e avistando ao longe algumas lanternas mais adiante. Eram William, Chico e Jaçanã que também iam nos avistando dessa distancia. E assim, pouco tempo depois já avistamos o castelo do Açu, nome dado às rochas que formam um "castelo" a 2.232 mts de altitude. Chegamos no abrigo do Açu e mais uma vez, a exemplo de 2013 nos recebeu o Hamilton , o guia de montanha responsável pelo abrigo (que um dos integrantes do grupo apelidou carinhosamente de prof Girafales kkkkk ) com um sonoro SHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH.... falem baixo!!  
A maioria tinha alugado barracas e nem precisou se preocupar com nada a não ser jogar o corpo p'ra dentro delas que já estavam montadinhas no acampamento perto do abrigo.  
Como eu e o Elder fomos com nossa casa nas costas, pedimos onde poderíamos montá-la e o Hamilton juntamente com mais dois guias nos indicaram um excelente local, com chão fofinho de vegetação que serviu de colchão macio na noite que se seguiu. De lá podia-se observar tudo. A noite estrelada, o abrigo, o local de acampamento ali próximo e curtir privacidade na montanha, coisa que eu prezo muito. Ficamos com nossa barraquinha montada estrategicamente distante e pudemos conversar e curtir nossa janta sem perturbar e sermos perturbados... A janta foi talharim com atum,  queijo e suco de uva  hmmmmm , delicioso. Foi deitar e  as câimbras recomeçaram. O que me fez dar uns gemidos de dor que podem ter sido interpretados de outra forma pelos "vizinhos" nas barracas não tão distantes. A noite estava fria, gelada, perfeita. E na madrugada percebi nas vezes que sai da barraca que o chão estava congelado em algumas partes. Numa dessas vezes que saí da barraca respirei feliz o ar gelado da montanha e escaneei minuciosamente tudo a minha volta como que pra registrar na memória mais uma vez esse momento sublime de estar onde eu mais gosto. A visibilidade era total mesmo à noite, de tudo a nossa volta , o abrigo, acampamento, à direita o castelo do Açu, e a esquerda a silhueta da serra. Conexão interna total com o que me cercava, todos os sentidos altamente estimulados pelo ambiente... a noite foi mesmo incrível nesse local, acordamos as 5:45 ainda escuro e resolvemos dormir mais um bocadinho antes do amanhecer, foi o suficiente pra perdermos o nascer do sol e às 06:15 tudo já estava claro mas ainda com cores douradas e avermelhadas. Levantamos, colocamos gorro, luva, e nos dirigimos ao castelo do açu onde a maioria já se encontrava no alto de uma pedra que tem uma espécie de corrimão de corda, preferi a pedra mais baixa de onde eu sabia que a visão era bem mais bonita do dedo de Deus com a serra toda formando os teclados de um órgão e os 3 picos ao fundo... Dali tiramos fotos que até agora não vi semelhantes.


Açu



 Talvez nosso atraso tenha sido crucial para clicarmos essas fotos sensacionais com a incidência de raios solares magníficos como que nos energizando naquele local... 
Durante a manhã o pessoal se espalhou por vários pontos pra tirar fotos, enquanto outros abasteciam de água, lavavam louça e juntavam tudo em sua cargueira. Novamente alguns saíram na frente mais apressados e seguiram a travessia no seu trecho mais desafiador porém igualmente belo , que é caminhar numa altitude média de 2.000 mts sobre chapadões de pedra, cumes e cristas  ao céu aberto rumo ao Abrigo Quatro. Os demais foram sem pressa, se ajeitando e saindo rumo ao segundo dia da travessia. Todos com energias recarregadas nesse amanhecer ensolarado no Açu.
na frente do abrigo do Açu


 Logo que se sai do Açu, o rumo é o Morro do Marco. Se vai descendo uma laje enorme de pedra até chegar num  ponto onde se começa a subir novamente e cada vez mais íngreme, subidinha puxada, obriga a parar e pegar fôlego....Seguiam próximos a nós   a Terezinha, Eliane, e um pouco a frente Mercia, Tiago, Maria Tereza e Djalmo, este último sempre preocupado com sua parceira e dando as dicas do que ela deve fazer pra melhorar sua performance na trilha kkkkk também vai o Pedro registrando incansável toda a travessia, e  digna de nota a animação 100% da Claudia alto astral que ficou sem a outra metade do casal astral, o  Celso que ficou em Floripa pois não conseguiu vaga pra travessia.
Descida da laje , após saída do Açu. Foto: William


e assim iam todos meio parecidos , o Pedro fotografando a todos e parecendo  não sentir a casa que levava nas costas, parte do peso um grande volume de comida pra confraternização que seria feita  logo mais a noite no Abrigo Quatro.... Jaçanã e Chico também vão em ritmo constante, assim como o William , Joara . Mais a frente iam o casal Ricardo e Rosangela e lá bem na frente o Evaldo,  Jules,  Julius e Carlise que iam a ritmo de trilha bate e volta... 

Após o Morro do Marco, se desce novamente desta vez em direção ao segundo ponto mais alto da travessia,o Morro da Luva que fica a 2.263 mts de altitude. A subida é forte novamente, com partes de laje de pedra onde se pode retomar o fôlego e fazer hidratação, e a vista no cume dessa Montanha já é a do Garrafão, lindo demais, o dia estava incrível, a visibilidade era surreal, a impressão era de andar no cenário de um filme desses  grande épicos em  tomadas aéreas magníficas, uma trilha sonora não me abandonava cabeça nesse dia o som da banda  Dream Theater  “Another Day”  : “Live another day, climb a little higher, find another reason to stay ashes in your hands mercy in your eyes, if you're searching for a silent sky” 

Maria Thereza e eu


Do Morro da Luva se caminha por lajeados. O que pra mim é uma das melhores partes. Muito se fala no risco de se perder, mas é improvável  num dia de muita visibilidade como esse, porém com nevoeiro tudo muda de figura perdem-se as referências, então recomendável é fazer a travessia,( principalmente o segundo dia), com tempo bom e visibilidade ok. Além de, claro, estudar a travessia saber identificar em que ponto você está nela. Essa parte do lajeado é praticamente caminhar em campo de altitude prestando atenção nas sinalizações. Os totens ajudam com certeza, mas a marcação das setas nas pedras são o mais confiável e olhando sempre na direção do seu próximo ponto de referência, no nosso caso o próximo ponto seria a cachoeira com o corrimão. Durante todo esse dia andamos com um grupo de Espirito Santo andando, ora na frente, ora atrás. Quando chegamos no corrimão eles estavam lá, porém resolvemos prosseguir e almoçar mais adiante, pois tínhamos logo adiante um dos desafios desse dia - O Elevador. 
Elevador

Trata-se de um paredão onde foram afixados grampos como se fossem degraus para ajudar na escalaminhada. É um bom trecho assim, e alto, porém pra quem está acostumado com o Marumbi que é praticamente só isso, nada demais. O que dificulta um pouco é o peso da cargueira. Mas é saber administrar as forças. Todos subimos sem problemas, a Joara precisou do Elder, Djalmo e eu na retaguarda moral, dando as dicas, mas subiu de boa e dando risada como sempre, grande Joara!! 
Joara em alto astral no Elevador

Ultrapassado o Elevador a trilha segue mais à esquerda e segue em subidas e descidas suaves até chegar numa descida de laje que, embora fácil, pode ser perigosa num descuido onde eu recomendaria uso de corda pra segurança afim de evitar uma torção ou queda desnecessária. Mas não foi o caso. Descemos todos sem corda, só com muito cuidado. 
A Mércia desceu com tanta destreza  a laje que me deu medo de ver ela voando diretamente para o vale das antas que seria um pouco mais adiante.
Rosangela e Ricardo

 A trilha segue suave entre descidas e subidas leves até uma subir para o Morro dos Dinossauros  e em algum ponto dele, numa laje,  fizemos nosso almoço. Fogareiros a mil e rolou de tudo, de  miojo - claro - linguiça, queijo ralado, a barrinhas de cereal, frutas , bisnaguinhas e sucos. Todos já refeitos seguimos pro Vale Das Antas - um local de antigo acampamento onde tem uma pequena clareira e de onde se parte para o dorso da baleia. Uma subida nem tão puxada mas que lembra o formato do dorso de uma baleia mesmo, aproveitei e pedi pra  todos seguirem na frente enquanto eu resolvi deitar no dorso dessa baleia, a Maria Tereza achou boa idéia e o Tiago também assim como o Elder, deitamos ali e curtimos um pouco a visão 360 graus do garrafão e tudo a nossa frente...
Dorso da Baleia

.Após mais esse pit stop seguimos subindo mirando o garrafão e a Pedra do Sino já a nossa frente.  Ali tiramos fotos de revista porque como se já não bastasse toda a vista desde o Açu, ali entre o abismo formado entre o garrafão e pedra do sino.
Mercia. Terê, Diana e William

Da esquerda pra direita : William, Elder, Diana Claudia, Terezinha, Jaçana, Chico,Djalmo, Thiago e Pedro ..e abaixo Eliana, Mercia, Joara, maria Thereza

 A vista é absurda, devidamente registrados o pessoal já foi falando no cavalinho, o lance perigoso na encosta do sino que demanda prática em montaria . Antes disso, passamos pelo vale dos 7 Ecos onde obviamente brinquei  bastante de berrar qualquer coisa já  que o Eco era perfeito, e assim extravasamos o nervosismo do lance do cavalinho se aproximando, estávamos todos juntos, exceto o casal Rosangela e Ricardo que estavam bem a frente assim como o quarteto ligeirinho que pra dizer a verdade, tres  deles  eu só vi no ônibus e nos abrigos kkkkkkkkkkk ,. No cavalinho a esperança de ver concretizada a promessa do Jules que havia levado a corda e prometido esperar a todos no cavalinho pra dar aquela força moral, psicológica, física... etc etc... 
E assim, após o mergulho, uma pedra super chata (para alguns a mais difícil da travessia). Chata de descer pra quem tem perna curta, já os perna comprida não veem dificuldade alguma, pois é só pular de costas pra uma pedra logo abaixo e assim fazendo uma tesoura com as pernas se elas forem compridas se chega la embaixo.
Mergulho

 E assim começamos a subida da encosta rumo ao cume do Sino , nosso grupo e o do espirito santo atrás e mais alguns rapazes estrangeiros que nos ajudaram no mergulho. Congestionamento total no cavalinho kkkkkkkkkk tinha mais de 40 pessoas pra montar no cavalo hehehe...e lá estava o Jules, baita parceiro do grupo. Sofreu horas de espera por andar rápido, mas não abandonou os amigos e lá estava ele com corda a postos pra facilitar a montaria. 
Jules que aguardou com a corda pra dar aquela força no cavalinho


E assim, um por um fomos passando sem menor dificuldade. O cavalinho é mega fácil de passar, o problema é o lugar onde ele está: na beira do abismo ! E assim mais a frente tinha mais um lance já mais fácil ...um mini cavalinho,rsrsrsr  onde o Elder ou melhor “namorado da Diana” (apelidado pela Joara) deu aquela força pra galera passar e assim prosseguimos pela encosta do Sino até chegar numa bifurcação onde para baixo se vai pro abrigo e pra cima pro cume do Sino. 
Isso já era cerca de 18 hs, creio eu pois logo depois escureceu, não me preocupei nada com horário nessa travessia inteira, pois eu conhecia e  sabia que tinha tempo de sobra, bem ao contrario de outras que eu praticamente cronometro tudo. 
A noite no Abrigo Quatro não foi tão gelada quanto a do Açu, mas aquele frio característico de cume tomado pela névoa úmida, bateu aquele pressentimento de manhã sem visibilidade ......, e novamente montamos barraca rapidamente bem na frente do abrigo, perto do banheiro externo e água pra lavar louça, cozinhar, escovar dentes... etc... 
Ali no abrigo só entra quem alugou beliche , bivak...e  tem direito a banho quente quem paga  R$ 20,00 . Já instalados em nossa barraca  fomos convidados pelo Pedro pra comer o risoto de confraternização que já virou tradição. O primeiro desses  risotos  foi a uns 4 anos atrás na pousada cinco treze, no Paraná, regado a vinho, desde então o mesmo grupo de montanha e perrengue curte uma mistureba junto pra comemorar o ar da montanha, com brigadeiro de panela de sobremesa, mérito dos que colaboraram com ingredientes, principalmente o Pedro que carregou a maior parte pra coisa sair, a Teresinha Tessaro como sempre arrasou no feitio  do menu delicioso, imagino que muitos tenham ajudado e agradeço. Estava muito bom, imaginem  um risoto quentinho com pedaços de queijo derretendo após um dia de pernada.... 
A noite super agradável, não tive câimbras ,  apenas uns pesadelos acredito eu causados pelo chão duro e digestão do pratão do risoto maravilhoso.... 
De manhã pessoal acordou muito cedo  e foi pro cume do Sino, alguns pro Baleia, e como  previ estava tudo fechado, nevoeiro total, resolvemos dormir mais um pouco e ir mais tarde após um bom café. Por isso quando acordamos pro nosso café , a maioria dos que haviam ido no sino já se preparavam pra descer pra Teresópolis. 
Eu e o Elder na frente do Abrigo Quatro



Ficamos eu , o Elder , a Terezinha, Mércia, Joara, Eliane e Claudia pra subir pro Sino, fomos pra lá , fica bem próximo e a subida agradável como pode ser um ataque ao cume, vento gelado maravilhoso, caratuvas e a sensação da altitude sensacional. Chegando lá o vento era intenso, gelado, mas não insuportável e tudo fechado, visibilidade zero, mesmo assim tiramos fotos no marco ou pedra do cume e após um bom tempo descemos pra desmontar barraca. O resto do povo já tinha descido a tempos!! 
Descemos lá pelas 10:30, após nos despedirmos dos guias super atenciosos do Abrigo Quatro como sempre. 


A descida não há muito a relatar, é trilha boa,  em ziguezague interminável por longos 11 km, mata exuberante, fauna igualmente onde se destacava o canto de um passarinho atraindo possíveis parceiras rsrsrs passarinho exibido! Lá pelo meio da descida a fome bateu e fiz um  arroz com linguiça e suco tang, nisso a Terezinha e Claudia já tinham se distanciado devido a duas paradas demoradas nossas , uma pra procurar uma carteira perdida do Elder e outra pra almoço (o arroz com linguiça) as outras meninas ainda continuavam próximas a nós e resolvemos dar um ligeirão final , mas joelhos e solados de pé já reclamavam bastante, descemos esse ultimo trecho já com pressa de chegar e nos juntar aos outros que desceram horas antes. E assim por volta de 14:40 eu e o Elder chegamos na barragem, aguardamos as meninas que vinham logo atrás e descemos pela estradinha de 3 km até a portaria, essa pra mim foi a pior parte da travessia kkkkkk estradinha chata ....chegando lá o pessoal que havia descido antes já estava azul de fome , e ainda ficamos sabendo de um fato inusitado ao final da travessia que foi uma equipe de reportagem da Globo que abordou o Djalmo justo quando ele finalizava a travessia fazendo uma entrevista ao vivo sobre montanhismo no PARNASO.
Djalmo na entrevista inusitada para a Globo 

 Ele se saiu muito bem e foi mais um registro memorável dessa nossa aventura . Ainda fomos assinar um livro de conclusão de travessia, pegar folhetos e assistir um vídeo muito legal sobre a Serra dos órgãos, mais algumas fotos e estava terminada a aventura no PARNASO versão 2015.  
Como da outra vez já saí com vontade de voltar, pra fazer as outras travessias do PARNASO.

Açu

Açu

Geada ao amanhecer no abrigo do Açu Foto : Willian

Visão próximo ao Sino, segundo dia . Foto : Pedro Filho

Mapa da Travessia